“Certa vez, no Teatro da Mentira, uma nova marionete foi empregada. O dono do Teatro da Mentira disse para o novo funcionário que ele seria o único ator da peça, seria bem cuidado e seria a mais bela marionete que já subiu no palco. A marionete aceitou a proposta, sendo firmemente atada nas cordas que haviam sido separadas para ela.
Assim que entrou no palco, manipulada por cordas, a marionete ficou em choque, pois junto com ela haviam outras marionetes, todas usadas e enganadas sob o mesmo discurso daquele patrão – “Você será bem cuidado e será o único ator da peça, será a mais bela marionete, confie em mim”.

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Não querendo acreditar no espetáculo em que havia se metido e indignada com tamanha enganação a marionete caiu em prantos e em profunda tristeza, pois achava que nada poderia fazer para se livrar das cordas que a prendiam ao dono do Teatro da Mentira.

Certo dia, após muito já ter sofrido nas mãos do manipulador, a marionete começa a olhar a si mesma, analisando profundamente tudo o que era por dentro e por fora.

Grande foi a surpresa e o espanto quando a marionete notou que na verdade ela não era uma marionete, mas sim um ser humano. Esse ser humano tinha um coração que batia forte, braços e pernas que podiam articular e fazer o que bem quisesse.

Durante toda a sua vida, aquela “marionete” tinha achado que era um boneco e que dependia de outras pessoas para viver.

Numa atitude súbita de indignação a vítima finalmente rompe as cordas que a prendiam, fugindo em direção à saída do teatro. Acidentalmente ela acaba esbarrando contra o poste principal, que sustentava toda a estrutura do teatro, mas sem olhar para trás, continua correndo até sair daquele lugar que a atormentava.

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Como a estrutura do Teatro da Mentira era de madeiras podres, tão podres como o coração e a língua de seu dono, e como toda a estrutura do teatro estava firmada sobre a areia da mentira e não sobre as rochas da verdade, tudo sucumbiu de uma só vez.
Naquele dia, o fugitivo do Teatro da Mentira sorria, pois estava livre das cordas do manipulador e das sombras e mentiras que sustentavam todo aquele espetáculo.”

Autor: Luiz Fernando Kichler

Esse texto é de autoria de um grande amigo, foi o primeiro que ele escreveu. Espero que gostem, e que esta postagem sirva de inspiração para que mais histórias como esta sejam escritas futuramente.

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